Ano Catequético

O Ano Catequético 2009


A festa da catequese se realizou este ano com uma novidade. No dia 23 de agosto pela manhã, a caminhada dos catequistas do largo de Roma ao Bonfim reviveu a história dos discípulos de Emaús contada no evangelho segundo Lucas. Lá nós lemos, no capítulo 24, que Jesus caminhou
com dois discípulos sem ser reconhecido por eles e lhes explicou o significado da sua morte. Através das escrituras sagradas, Jesus foi mostrando que Deus estava presente em todos aqueles acontecimentos trágicos da sua paixão e morte na cruz. Porém, ao chegarem em Emaús, o vilarejo onde eles moravam, Jesus foi convidado a entrar e tomar uma refeição com eles. Foi aí que eles se deram conta, ao partir o pão, que era o próprio Jesus quem tinha caminhado com eles todo o tempo. Nós também, vendo as realidades do nosso tempo, não podemos esquecer que ele continua se interessando por nós, não nos deixou sozinhos após a sua partida para a casa do Pai. Como catequistas, somos convidados a renovar nossa amizade com Cristo, deixar que ele nos fale ao coração e nos ajude a superar nossa tibieza, que é o desanimo diante das dificuldades, tal como aconteceu com os discípulos da história de Lucas. Assim foi a nossa caminhada com os catequistas até o Bonfim, onde realizamos a Missa campal que recordou o momento em que "ao partir o pão" os discípulos reconheceram o Mestre Jesus.


Eu vou pra "aula" de catequese?!

    A catequese é entendida por muita gente como algo que se aprende quando se é criança para nunca mais se voltar a ouvir falar. Até que não se deveria reclamar de tais pessoas, afinal, a experiência dos mistérios da fé, para elas, permanece realmente um “mistério”! Para estes, o que poderia ter sido o início de um caminho de fé se transformou numa vaga lembrança. O que se pode dizer quando nos defrontamos com alguém assim e que ingenuamente admite não ter conhecido e “encontrado” Jesus até então em sua vida? A fé estacionou e se degradou, como água empoçada, sem vida e sem sentido. Foi aí que se viu o quanto a catequese infantil ficou “infantil” demais para as exigências da vida adulta. Faltou catequese... É isso mesmo o que nos falta: mais experiência de Deus e, conseqüentemente, histórias de vida marcadas por um encontro especial que ilumina e dá sentido. E o que isso tem a ver com a catequese?

Tudo. Catequese é caminho de discipulado, como bem recorda o lema do ano catequético, e não sala de aula onde se aprende noções de religião, de modo frio e desinteressado. O conteúdo está a serviço do encontro com Cristo que deve ser favorecido em relação a qualquer outro objetivo doutrinal. Não se pode medir isso com "sabatina" ou "prova" escrita de conhecimento das verdades da fé. Catequese é vida que se desenvolve na busca por aquele que nos atraiu com laços de amor e por isso nos motiva a saber quem ele é. Santo Inácio nos ajuda com uma frase fantástica: "não é o muito saber que sacia e satisfaz a pessoa, mas o sentir e saborear as coisas intimamente"(EE2). Parece claro isso, mas basta olhar os dois extremos em que a catequese oferecida aos catecúmenos às vezes se encontra: Ou se interessa apenas pelo ensinar as coisas da fé ( o tipo "aula" de catequese), ou as ignora deixando uma vaga idéia por falta de profundidade ( o tipo "aprender brincando") . Quando a catequese é encarada como encontro com Cristo tudo converge para Ele e a Ele pertence. A capacidade de comunicação real da fé a quem faz este caminho, seja criança ou adulto, começa no catequista e na sua confiança em quem tudo pode e o chamou para este ministério.

Não basta falar de Cristo!


Já deu pra "sentir" o que realmente significa catequese? Pergunto a você: o que dizer dos encontros de catequese quando eles não realizam esta tarefa de promover o encontro com Cristo? E quanto tempo é preciso para alguém "encontrar" Cristo na sua vida? É como se perguntássemos a dois namorados quanto tempo eles precisam para decidir que se amam e eles respondessem, "depende". Do quê? " de quanto intenso foi o namoro". Uma catequese assim, centrada no encontro amoroso de Cristo com o catecúmeno, não depende nem mesmo do sacramento que se está por receber. Afinal, sacramento não é formatura, não é mesmo? O tempo é relativo e cada catecúmeno precisa ser advertido disto. Cristo não está à venda, e quem não está disposto a "permanecer" com ele, ainda que seja por uma "tarde apenas" não está pronto para ser seu discípulo. E isto tudo implica compreender o estilo catecumenal de toda catequese, respeitando as etapas e processos de cada um no esforço da busca. Falta agora entender melhor o que isto significa na prática. E para isso espero por você no próximo mês!


"ANO CATEQUÉTICO & VOCÊ: ALGO A VER?

 A realização do Ano Catequético pela Igreja no Brasil foi decidida pelos Bispos reunidos em Assembléia há três anos em vista da oportunidade oferecida pela recordação dos 50 anos do primeiro ano catequético, em 1959. Há três anos! Tanto tempo tempo de preparação se justificava. Não era apenas uma festinha de aniversário aquilo que se propunham os Bispos a promover em todo o Brasil. Era algo bem mais sério, claro, sem desmerecer o valor da festa e nem excluir que ela aconteça, desde que seja por bons motivos. E motivos é o que não faltava. Afinal, desde o Concílio Vaticano II, em 1965, a Igreja vive uma efevercência de iniciativas catequéticas impensáveis naqueles anos 50. Os movimentos leigos, a participação da juventude, o compromisso do cristão com a transformação do mundo mostrou que a participação dos fiéis é fundamental para o cumprimento da missão confiada por Jesus Cristo: "Ide por todo o mundo e anunciai o evangelho" Não esquecemos de nada importante? As celebrações com a participação ativa do povo já são tão naturais que até esquecemos que há menos de 50 anos era tudo muito diferente...
Agora que os tempos são outros, nada mais justo do que pensarmos que o passo a frente dado pela Igreja não ficou no passado. Quem descobre a sua fé desta meneira nova recebe igualmente o convite a interrogar-se: "Senhor, que queres que eu faça?" Atrás desta pergunta está a convicção de um coração que se deixou seduzir pelas palavras do Mestre e deseja seguir seus passsos, com outras palavras, ser seu Discípulo/a. Caminhar com o Mestre como discípulo é a meta de todo processo de evangelização, afinal, é inútil conhecer a Cristo se ele não transforma o meu modo de viver! É aí que em resposta à nossa interrogação vem naturalmente a palavra de Jesus: "Fazei a todos discípulos meus". Todo aquele que encontra Cristo, na sua palavra encontra também as respostas que procura para viver. Na escuta da Palavra e na celebração litúrgica a comunidade reconhece que é Cristo que vem a nós. Mas, como nos adverte são Paulo, se não houver quem pregue, como poderão crer e reconhecer esta presença de Cristo entre nós? Neste momento, a catequese se torna o caminho para o discípulado de todo cristão. Através do testemunho e da partilha de vida que manifesta as maravilhas operadas por Deus na vida do discípulo, eu e você somos anunciadores deste Cristo vivo que nos conquistou e nos enviou. Nós somos todos, como discípulos, verdadeiros catequistas!
 
E Agora, tem algo a ver com você o Ano Catequético? O primeiro objetivo deste ano é exatamente este: mostrar que tem tudo a ver o nosso compromisso em testemunhar e viver o nosso jeito de ser discípulo com a catequese. Portanto, ser discípulo=ser catequista, simples assim? Nem tanto, ser catequista também significa assumir o "ministério do catequista" com responsabilidades próprias, como aquela de preparar os catecúmenos, isto é, aqueles que se preparam para receber algum dos sacramentos: Batismo, Eucaristia e Crisma. Mas esse assunto são "outros quinhentos". Vamos conversar sobre isso da próxima vez, fique ligado.




ANO CATEQUÉTICO NACIONAL: QUADRO SINÓTICO

CATEQUESE, CAMINHO PARA O DISCIPULADO

LEMA: Nosso coração arde quando Ele fala, explica as Escrituras e parte o pão (Cf. Lc 24, 32.35)

    Na sociedade em profundas mudanças, à luz dos 50 anos do primeiro Ano Catequético Nacional, do Concilio Vaticano II, do intenso movimento catequético por ele desencadeado, o segundo Ano Catequético Nacional tem por Objetivos:
OBJETIVO GERAL:
Dar novo impulso à catequese como serviço eclesial e como caminho para o discipulado.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
1.      Intensificar a formação catequética dos catequistas, dos agentes de pastoral, dos religiosos/as e dos ministros ordenados;
2.      Incentivar a instituição do Ministério de Catequista;
3.      Impulsionar  o estudo das Sagradas Escrituras;
4.      Acentuar o Primado da palavra de Deus na vida da Igreja;
5.      Cultivar a dimensão litúrgica da catequese;
6.      Estimular a dimensão catequética nas comunidades na perspectiva da pastoral de conjunto;
7.      Dar a devida ênfase à catequese com adultos, com jovens e junto às pessoas com deficiência;
8.      Incentivar na catequese a inspiração catecumenal;
9.      Estimular a implementação da disciplina Catequética nos cursos de Teologia;
10.  Intensificar a dimensão missionária da catequese por meio da espiritualidade do seguimento de Jesus Cristo;
11.  Educar para a vivência de uma fé comprometida com as urgentes mudanças da nossa sociedade, tendo presente o princípio da interação vida/fé;
12.  Favorecer na catequese a abertura ao outro, à realidade, ao ecumenismo e ao diálogo inter-religios